Artigo – E a primavera, voltará?

Lembro-me quando criança de uma aula em que aprendi sobre as estações do ano. Foi surreal entender o quanto aquilo era interessante, o modo que o tempo se desdobra pra atender cada singularidade, cada detalhe inconfundível. Aquele cartaz colado na parede da escola indicando como o dia estava; chuvoso, ensolarado, mas o que eu mais gostava era de colocar abaixo do cabeçalho: “Meu nome é Keren e hoje o dia está lindo!”

O tempo, como tudo na vida, acelerou numa velocidade máster e hoje, ao descer do carro e pisar num amontoado de folhas, tudo ressurgiu na minha mente. Aquelas lembranças, como o trailer de um filme, de relance.

As estações antes predeterminadas não se misturavam. Era nítido o verão com os nossos vestidos fresquinhos e fluídos. Na primavera eles já eram mais coloridos e acompanhados de laços e fitas nos cabelos, até os perfumes que usávamos exalavam nas ruas. No outono era hora de começar a se preparar, descíamos toda aquela roupa de flanela, todos aqueles cobertores do maleiro pra poder lavar, secar e deixar mais acessível, afinal o inverno já estava à porta, era uma anunciação. O marrom era minha cor favorita no outono e todas aquelas folhas secas e desenhadas caindo conforme o toque do vento nas árvores, aquilo era sublime. Quando chegava a hora de guardar a malha e usar tergal era demais, tudo ficava elegante, tudo era imponente. Os terninhos com suas ombreiras, as toucas e cachecóis de lã davam todo o ar da graça. Nas bochechas nem o blush precisava, aquele soprar do vento já te deixava corada, o suficiente. O tempo era exato.

Talvez se hoje repararmos por alguns segundos no tempo vamos todos chegar num acordo: ele mudou. Mudanças são necessárias, são essenciais, são na maioria das vezes imprevisíveis. Mas, até que ponto estamos preparados para elas? A ponto de olhar para trás saudosistamente e questionar-se, como assim?  O que eu perdi?

Se existe algo real, é a certeza de que as nossas estações não são mais as mesmas. Elas até permanecem lá, discriminadas no calendário, separadas a cada três meses. Mas quem nota a chuva no inverno e a geada no verão entende que algo aconteceu e não foi para melhor. Aquele meu acolchoado não sobe mais para o maleiro. Aliás, há quem nem saiba do que se trata. Carregamos na bolsa sempre uma sombrinha, uma malha para aquecer, uma manteiga de cacau para os lábios.

O tempo era exato, não é mais. Na nossa vida também não há mais tanta exatidão, certezas. Notaram que as incertezas nos rodeiam, que a sensação de ser surpreendido nos incomoda constantemente? Aquele frio na barriga que nem conseguimos descrever, seria medo? Covardia? Ingratidão? Não se trata disso, isso se chama humanidade e na nossa humanização isso é natural, nossa percepção de que não temos mais tudo sobre controle nos assola, nos embarga.

Não temos mais o controle, nem precisamos ter. O verão tem cheiro de outono e o Outono traz o gelo do inverno, mas ela, a primavera, sempre volta, com notas florais ou com cores mais sóbrias, não importa, não faz diferença, ela volta, ela chega, com casaco ou com guarda-chuva as cores dela continuam inconfundíveis, ela ainda é a única que consegue marcar presença no meio da incerteza meteorológica, ela é exata.

Se hoje, ao descer do carro como eu fiz e pisar nas folhas, você não conseguir sentir o cheiro dela, espere só um pouquinho, ela volta. Você precisará estar preparado, suas roupas floridas precisam estar prontas e amaciadas, quando chegar você não terá dúvida, ela é inconfundível, ela tem cor, ela traz novidade, ela tem perfume, e haverá sinais…

 

Por Prof Keren Oliveira

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