Às vésperas da Black Friday, consumidores de todo o país começam a se preparar para a maratona de ofertas e promoções. Levantamentos recentes e orientações de órgãos de defesa do consumidor reforçam: apesar do ceticismo crescente, os gatilhos de marketing continuam capazes de influenciar decisões — o que exige mais atenção e consciência na hora da compra.
Um estudo inédito da Procon-SP revela um retrato interessante do perfil do consumidor brasileiro nesta época de promoções. Dos 329 entrevistados, 88% afirmaram acompanhar ofertas da Black Friday, mesmo quando não têm a intenção imediata de comprar.
Apesar da desconfiança generalizada, mensagens como “só hoje”, “últimas unidades” ou “sem juros” ainda têm forte apelo emocional: 38,3% dos participantes admitem que a pressão do tempo os faz parar e refletir antes de decidir, enquanto 5,17% confessam já ter comprado por medo de perder a oferta.
Mas a pesquisa também aponta que o pessimismo com promoções não é absoluto. 72% declararam já ter realizado alguma compra motivados pela recomendação de amigos, familiares, influenciadores ou pelas redes sociais — o chamado “efeito de influência social”, que evidencia o poder da mídia e do marketing digital no consumo.
“Parcelamento sem juros” continua sendo uma promessa bastante sedutora — embora 42,55% dos entrevistados digam que só perceberam depois que a operação não era realmente isenta de juros.
Quando o barato pode sair caro: o alerta da fiscalização
Com o boom de promoções, surge o risco de falsas ofertas, produtos irregulares ou até perigosos — e aqui entra em cena a Ipem-SP, órgão de fiscalização que orienta os consumidores sobre os critérios de segurança, qualidade e procedência, especialmente no caso de brinquedos, eletrodomésticos e têxteis.
Ao comprar brinquedos, por exemplo, é fundamental verificar se o produto traz o selo de conformidade do Inmetro e se a embalagem indica a faixa etária correta, além de dados do fabricante ou importador. Isso evita acidentes, toxicidade de materiais e peças pequenas que representam risco às crianças.
No caso de eletrodomésticos, o consumidor deve se assegurar de que o produto exibe a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, que informa o consumo de energia (e, quando for o caso, de água ou gás). Produtos sem essa classificação podem ser ineficientes — e até inseguros.
O Ipem-SP ainda alerta para os perigos da pirataria: itens falsificados não só prejudicam a economia — por meio da perda de tributos e emprego —, mas também colocam em risco a saúde e a segurança do consumidor, além de fortalecerem redes criminosas.
Como aproveitar a Black Friday sem ser enganado
Para driblar armadilhas e consumir de forma consciente, especialistas e órgãos de defesa sugerem algumas atitudes simples, mas eficazes:
- Pesquisar o histórico da loja ou vendedor, especialmente em compras on-line;
- Verificar sempre a procedência e certificações dos produtos (selo Inmetro, etiquetas energéticas, dados do fabricante/importador, faixa etária etc.);
- Exigir nota fiscal;
- Salvar e imprimir telas com anúncios, ofertas, e-mails ou confirmações de compra;
- Evitar ceder a impulsos gerados por frases como “só hoje” ou “últimas unidades”;
- Definir um teto de gasto antes de começar as compras, para evitar endividamento;
- Preferir pagamento à vista ou em condições claras, com juros bem informados.
Essas medidas — simples, mas eficazes — ajudam a transformar a Black Friday em uma oportunidade real de economia, sem surpresas desagradáveis.
Um convite à reflexão: consumo consciente no foco
A Black Friday, apesar de consolidada como data de grandes ofertas, precisa deixar de lado o apelativo marketing de urgência e se tornar, de fato, um momento de compra consciente. O levantamento do Procon-SP mostra que o consumidor está mais atento, mais desconfiado — e isso é um avanço importante. Mas, ao mesmo tempo, muitos ainda caem nas ciladas das promoções maquiadas.
Por outro lado, o alerta do Ipem-SP reforça que a vigilância e o cuidado devem continuar — não apenas por parte das autoridades, mas de cada comprador. Verificar selo de qualidade, exigir nota fiscal, conferir informações do produto — tudo isso ajuda a evitar prejuízos e contribui para o fortalecimento do comércio formal, da economia local e da segurança dos consumidores.
Nesta Black Friday, vale mais o olhar atento do que o “fomo” de comprar por impulso. Que a data seja, antes de tudo, uma oportunidade de consumo inteligente — e não de arrependimento.









