Moradores do bairro Residencial Dr. Raul Coury, em Rio das Pedras, relatam enfrentar desde sexta-feira (14) uma grave alteração na qualidade da água fornecida pelo SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto). Vídeos e fotos enviados em grupos de WhatsApp mostram água escura e até resíduos de insetos, além de relatar a presença de odor forte, mau cheiro semelhante a esgoto.
Nos registros, moradores afirmam que a água chega “preta”, com gosto ruim e “cheiro insuportável”. Em alguns casos, o líquido teria apresentado “bichos triturados” e partículas que se acumulam no fundo de copos, filtros e caixas d’água.
“Boa tarde, desde sexta-feira a água do Jorge Coury e Raul Coury está vindo com cheiro de esgoto, e hoje com resíduos de inseto. O SAAE não tá nem aí, falando que a água tá normal”, escreveu um morador revoltado.

“Saindo bicho, besouro triturado, na água que vem da rua. Olha a cor que a água está… e o cheiro tá insuportável.”
Várias ruas registraram problema, entre elas as ruas David Merloto, José Renato Marcelo, Waldemar Antônio Nicolai, Prof. Dr. Tufi Coury, Ceriaco Antônio Costa, Augusto Rodrigues dos Santos e rua Erasmo Pascon.
Filtros domésticos ficaram verdes e com odor forte
Moradores relataram ainda que filtros de entrada das residências ficaram “verdes e fedidos”. Em uma das mensagens do grupo, uma moradora desabafou:
“Isso é falta de respeito. A água está puro esgoto. A gente chega cansado do serviço e ainda tem que lidar com esse cheiro forte. Sem condições.”
Possível causa: ligação direta do poço sem esgotar a tubulação
Nos grupos do bairro, circulou também a explicação de um técnico que teria visitado as casas afetadas. Segundo ele, durante uma manutenção no filtro que abastece o bairro, o SAAE mudou temporariamente o abastecimento para o poço artesiano. No entanto, quem operou o sistema não teria esvaziado a tubulação antes de religar o fornecimento, fazendo com que a água do poço — com padrão de tratamento diferente — chegasse misturada e contaminada à rede.
“Ouvi de um funcionário que houve erro. Ligaram o poço para encher a caixa d’água do bairro, mas não drenaram os canos antes. Por isso a água chegou assim.”
Outro morador reforçou:
“O tratamento do poço é diferente e exige mais atenção. Provavelmente isso não foi feito.”
Moradores reclamam da falta de atendimento presencial no SAAE
Além da qualidade da água, moradores criticam o encerramento do atendimento presencial na sede do SAAE, que agora atende apenas pelo 0800.
Segundo eles, isso dificulta reclamações e abertura de protocolos. “Ninguém fala mais com ninguém lá. Só 0800 agora”, reclamou um morador.
SAAE responde: ‘Foi a limpeza do filtro’
Procurado pelo O Verdadeiro, o superintendente do SAAE, Latuca Rossi, confirmou que houve manutenção no filtro na noite de sexta-feira (14) e que a liberação da água ocorreu às 6h do sábado (15). Ele reconheceu que a limpeza pode ter enviado “alguma sujeira pelo cano”.
Segundo Latuca, o SAAE recebeu algumas reclamações no sábado pela manhã, foi até as residências, analisou a água e classificou como “boa, apenas um pouco suja”.
“Após isso, ninguém mais reclamou para mim. O Rafael Bonassa (secretário de Meio Ambiente), que mora no bairro, também me informou que a água está normal agora. Acredito que o que aconteceu foi isso: um fato de sexta para sábado.”
O superintendente enviou ao jornal uma análise feita no sábado (15), na Rua José Renato Marcello, onde foram registrados os seguintes parâmetros:
- pH: 8,15
- Turbidez: 0,00
- Cor: 6,00
- Cloro: 0,59
- Flúor: 1,06
- Temperatura: 23,9°C
Apesar da análise, moradores continuavam enviando fotos e vídeos de água escurecida e com cheiro forte ainda na tarde desta segunda-feira (17).










