O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. Com isso, o Brasil segue ocupando a 2ª posição no ranking dos países com o maior juro real do mundo, atrás da Turquia e à frente da Rússia. Trata-se da Selic mais alta desde julho de 2006, no primeiro mandato do presidente Lula (PT). A decisão foi unanime entre os diretores, que encerrou uma sequência de sete altas consecutivas.
No comunicado que anunciou a manutenção da Selic, o BC justificou a medida afirmando que ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos. Segundo o Copom, o cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela e a decisão é “compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta”.
“O Comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. Além disso, segue acompanhando como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”, diz o BC.
Ranking
O ranking é um levantamento feito pela consultoria MoneyYou, que considera os 40 países mais relevantes do mercado de renda fixa mundial nos últimos 25 anos.
A taxa de juro real do Brasil, que é o resultado do juro nominal descontada a inflação, está em 9,36% ao ano. A da Turquia alcança 14,44% e a Rússia em 7,63% ao ano. Já no ranking nominal de juros, o Brasil ocupa a 4ª colocação. Com 15% ao ano, o país está atrás da líder Turquia, com 46,00%, da Argentina, com 29,00% e da Rússia, com 20,00% ao ano.
10 países com as maiores taxas de juros reais
- Turquia: 14,44%
- Brasil: 9,36%
- Rússia: 7,63%
- Argentina: 6,70%
- África do Sul: 5,54%
- Indonésia: 4,31%
- Filipinas: 4,23%
- México: 3,75%
- Colômbia: 3,69%
- Índia: 2,66%
Como a taxa de juro real afeta o seu dia a dia
Você pode não acompanhar de perto os indicadores econômicos, mas a taxa de juro real do Brasil tem um impacto direto no seu bolso — seja nas compras do mercado, no financiamento da casa própria ou até na fatura do cartão de crédito.
A taxa de juro real é a diferença entre os juros cobrados (como a Selic) e a inflação. Quando essa taxa está alta, como tem ocorrido no Brasil, significa que o dinheiro “vale mais parado do que circulando”. Em outras palavras, quem investe ganha mais, e quem precisa pegar dinheiro emprestado paga caro por isso.
Na prática, juros reais elevados encarecem o crédito. Isso afeta desde os juros do cheque especial até o financiamento de veículos e imóveis. Comprar a prazo se torna mais difícil — e mais caro. Além disso, o consumo tende a cair, o que impacta o comércio, a geração de empregos e o crescimento econômico.
Por outro lado, para quem tem dinheiro aplicado em renda fixa, o retorno pode ser vantajoso. Investimentos como Tesouro Direto e CDBs rendem mais do que a inflação, protegendo o poder de compra.
Ou seja, a taxa de juro real do Brasil está longe de ser apenas um tema para especialistas. Ela mexe com o custo de vida, o acesso ao crédito, as oportunidades de trabalho e até os seus planos para o futuro. E entender esse cenário pode ajudar a tomar decisões financeiras mais conscientes.