Piracicaba tem seis postos de combustível investigados na megaoperação contra o PCC

Auto Posto Moska fica próximo ao Shopping Piracicaba. Foto: Google Maps

Quinze investigados pela Justiça de São Paulo por suspeita de lavar dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC) são sócios de 251 postos de combustíveis em quatro estados do país, a maioria em São Paulo. São seis em Piracicaba, um em Santa Bárbara d’Oeste, cinco em Americana e um em Limeira. Os números foram identificados em um cruzamento feito entre dados da Operação Carbono Oculto e a lista de estabelecimentos ativos da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Em Piracicaba, dois postos de combustíveis estão na Vila Rezende, outros dois no Piracicamirim, um na Pauliceia e um no Cidade Alta.

Dos seis estabelecimentos piracicabanos, quatro são de propriedade de Pedro Furtado Gouveia, sócio da GGX Global, segundo a investigação: Auto Posto Moska, Auto Posto Gaz Prime Oklahoma, Auto Posto King de Piracicaba e Auto Posto Nova Copacabana. Essa empresa é apontada pela Justiça de São Paulo como ligada ao grupo de Mohamad Hussein Mourad, principal suspeito de comandar a lavagem de dinheiro do PCC, e que está foragido.

O Auto Posto Agosto é vinculado a Bruno Sato Alves Pereira, apontado na decisão como sócio de Rogério Garcis Peres, também dono de postos e descrito como alguém ligado ao grupo de Mohamad.

Já o Jardim Elite Auto Posto tem relação com Guilherme da Silva Oliveira, que é citado na decisão como “testa de ferro” do grupo de Mohamad Mourad. Segundo a decisão, Oliveira aparece em um esquema de transferência fraudulenta de postos e está vinculado à Rede Boxter, também já investigada na Operação Rei do Crime por conexões com o PCC.

 

Veja os postos de combustível de Piracicaba apontados pela investigação:

AUTO POSTO AGOSTO LTDA

Bandeira: IPIRANGA
Endereço: Avenida Primeiro de Agosto, 186, Vila Rezende, Piracicaba – São Paulo

 

AUTO POSTO MOSKA LTDA

Bandeira: RODOIL
Endereço: Avenida Juscelino Kubitscheck de Oliveira, 821, Vila Rezende, Piracicaba – São Paulo

 

AUTO POSTO GAZ PRIME OKLAHOMA LTDA

Bandeira: BANDEIRA BRANCA
Endereço: AVENIDA SAO PAULO, 704, PAULICEIA, PIRACICABA – São Paulo

 

JARDIM ELITE AUTO POSTO LTDA

Bandeira: BANDEIRA BRANCA
Endereço: Avenida Independencia, 1431, Cidade Alta, Piracicaba – São Paulo

 

AUTO POSTO KING DE PIRACICABA LTDA

Bandeira: BANDEIRA BRANCA
Endereço: Avenida Piracicamirim, 3141, Piracicamirim, Piracicaba – São Paulo

 

AUTO POSTO NOVA COPACABANA LTDA

Bandeira: BANDEIRA BRANCA
Endereço: Avenida Dois Corregos, 1040, Piracicamirim, Piracicaba – São Paulo

 

Distribuição de postos

A maioria dos postos (233) fica em São Paulo, principalmente na Grande SP e na Baixada Santista. Outros 15 estão em Goiás, 1 em Minas Gerais e 2 no Paraná. Quase metade (127) opera sem bandeira, enquanto os demais estão vinculados a Ipiranga (52), Rodoil (33), BR Petrobras (29) e Shell (12). Nenhuma dessas distribuidoras foi alvo direto da operação.

Segundo as investigações, o PCC usa os postos de combustíveis para lavar dinheiro de outros crimes.

As distribuidoras de combustíveis reforçaram que não compactuam com irregularidades. A Ipiranga disse que atua contra o mercado ilegal e pediu acesso ao inquérito. A Rodoil afirmou que já rescindiu contratos com postos sob suspeita. A Vibra (marca Petrobras) destacou auditorias rigorosas e informou ter desligado mais de 100 estabelecimentos em São Paulo nos últimos dois anos. Já a Raízen (Shell) declarou que apura os relatos e tomará as medidas cabíveis.

O Ministério Público de São Paulo não informou se todos os 251 postos estão sob investigação, alegando sigilo. A Receita Federal afirmou que mais de mil estabelecimentos chegaram a ser utilizados pelo esquema criminoso, mas não divulgou a lista.

 

Quem são os 15 alvos da Carbono Oculto sócios de 251 postos

56 postos pertencem a Pedro Furtado Gouveia Neto, sócio da GGX Global. Essa empresa é apontada pela Justiça de São Paulo como ligada ao grupo de Mohamad Hussein Mourad, principal suspeito de comandar a lavagem de dinheiro do PCC, e que está foragido.

49 postos pertencem a Luiz Felipe do Valle Silva do Quental de Menezes, descrito na decisão da Justiça como laranja do grupo. Procurado, Menezes ele refutou qualquer ilegalidade e disse que iria pedir a exclusão de seu nome da investigação.

“Por ter adquirido, em 2022, 23 estabelecimentos que pertenciam a outra rede do setor, o meu nome está exposto em investigação policial como suposto “laranja” de outras pessoas. Supor que essa compra dos postos serviu para encobrir interesses escusos é uma conclusão equivocada, pois até o momento não recebi quaisquer solicitações para prestar esclarecimentos sobre esse assunto”, afirmou o empresário. “Informo que toda documentação que comprova a legalidade dos atos encontra-se à disposição para análise e compõe o material a ser apresentado aos responsáveis pela investigação”, completou.

38 postos pertencem a Guilherme da Silva Oliveira, citado na decisão como “testa de ferro” do grupo de Mohamad Mourad. Segundo a decisão, Oliveira aparece em um esquema de transferência fraudulenta de postos e está vinculado à Rede Boxter, também já investigada na Operação Rei do Crime por conexões com o PCC.

38 postos pertencem a Bruno Sato Alves Pereira, apontado na decisão como sócio de Rogério Garcia Peres, também dono de postos e descrito como alguém ligado ao grupo de Mohamad. A defesa de Pereira nega participação “nos fatos investigados pela operação”. (Leia a íntegra da nota abaixo.)

16 postos pertencem a Ricardo Romano, descrito pelos investigadores como figura-chave do grupo de Mohamad, explicitamente vinculado ao PCC e atuante na lavagem de dinheiro por meio de postos e conveniências.

15 postos pertencem a Armando Hussein Ali Mourad, irmão de Mohamad Mourad e descrito na decisão como principal articulador do suspeito de ser o chefe do esquema de lavagem do PCC. Procurada, a defesa de Mourad não se manifestou.

13 postos pertencem a Luiz Ernesto Franco Monegatto, citado pela Justiça como sócio em empresas de combustíveis e em transações imobiliárias ligadas à lavagem de capitais do grupo Mohamad.

10 postos pertencem a Himad Abdallah Mourad, primo de Mohamad e descrito pelos investigadores como um dos expoentes da organização criminosa, responsável por criar estruturas empresariais e usar fundos para blindagem patrimonial e lavagem de capitais. Segundo as investigações, Himad participa, ao todo, do quadro societário de 103 postos de combustíveis ligados ao núcleo familiar e empresarial de Mohamad.

7 postos pertencem a Tharek Majide Bannout, descrito na decisão como pessoa-chave do grupo Mohamad, envolvido em transações para ocultação de bens e lavagem de capitais e supostamente conectado com grupos criminosos maiores, como o PCC.

Procurada, a defesa de Bannout negou “”qualquer ligação com organização criminosa”” e destacou que “”todas as aquisições e operações realizadas serão devidamente comprovadas em sua licitude””.

“Esclarecemos que o Sr. Tharek Majide Bannout é comerciante do setor de energia e permanece como sócio dos postos de combustíveis mencionados. Todas as aquisições e operações realizadas serão devidamente comprovadas em sua licitude. Destacamos que inexiste qualquer ligação com organização criminosa, sendo absolutamente leviana a associação do nome do Sr. Tharek ao PCC, tratando-se de narrativa de cunho meramente midiático”, explica a defesa.

Três postos pertencem a Luciane Gonçalves Brene Motta de Souza, descrita na decisão como membro da organização criminosa de Mohamad, envolvida em fraudes em combustíveis e titular de 12 empresas ligadas ao contador do grupo. De acordo com as investigações que embasaram a operação, ela estava focada na obtenção de vantagens indevidas mediante fraudes em sistemas de marcadores de volume nas bombas de combustíveis. Procurada, a defesa de Souza disse que só se manifestará nos autos do processo.

Dois postos pertencem a Latuj Participações, que, segundo a decisão da Justiça de São Paulo, é ligada ao grupo de Mohamad.

Um posto pertence a Rogério Garcia Peres, descrito pela decisão o como administrador da Altinvest e integrante do Conselho da Rede Sol Fuel, com participação em fundos usados pelo grupo Mohamad para movimentação e blindagem patrimonial. Procurada, a defesa de Peres nega ter conhecimento de atividades ligadas ao crime organizado em seu estabelecimento.

“Rogério Garcia Peres informa que não opera postos de combustíveis, apenas investiu em imóveis da BR Distribuidora. Reitera que jamais manteve relação ou conhecimento de atividades ligadas ao crime organizado. Ressalta que todas as suas atividades sempre foram conduzidas dentro da legalidade. Desde o início das investigações, Rogério tem colaborado integralmente com as autoridades competentes e confia que os fatos serão devidamente esclarecidos pelas instâncias responsáveis”, afirma a defesa.

Um posto pertence a Miriam Favero Lopes, descrita como sócia de postos e holdings ligadas a operações de lavagem de capitais. A defesa de Lopes disse repudiar as alegações.

Um posto pertence a Valdemar de Bortoli Júnior, descrito como proprietário de uma rede usada para blindar o grupo Mohamad e como envolvido em operações financeiras suspeitas ligadas a fundos de investimento. A defesa afirma que o posto segue todas as normas de compliance, due diligence e integridade estabelecidas pela Vibra, responsável pela marca Petrobras, e não possui qualquer envolvimento com irregularidades.

“É fundamental destacar que o Sr. Valdemar de Bortoli Junior atua no setor de combustíveis há mais de 35 anos, sempre conduzindo sua trajetória empresarial com irrepreensível legalidade, como contumaz pagador de tributos, fiel cumpridor das normas legais e respeitador do ordenamento jurídico”, diz a defesa. “O compromisso do Sr. Valdemar e de seu empreendimento é, e sempre será, com a qualidade dos produtos, a transparência nas operações e o respeito aos consumidores, valores que norteiam sua atuação empresarial há mais de três décadas.”

Um posto pertence a Door Participações S.A, descrita como empresa ligada ao grupo investigado, presente no quadro de pelo menos 11 postos de combustíveis em associação com a Rede Alpha, Bruno Sato Alves Pereira e outros. Foi alvo de mandado de busca e apreensão em sua sede.

Em nota, a defesa da Door Participações e de Bruno Sato Alves Pereira afirmou que os clientes negam vínculo, participação ou responsabilidade nos fatos investigados pela operação. “A Door Participações reitera que: todos os postos que integram a rede operam com licenças, registros e contratos regulares junto às autoridades competentes e às distribuidoras parceiras e passam pelas fiscalizações de praxe; coopera integralmente com as autoridades sempre que requisitada e está à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos necessários; a empresa reafirma seu compromisso com a legalidade, a transparência e as boas práticas de mercado”, diz o texto.

Com informações do G1 São Paulo.

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