Piracicabano deixa o Brasil para lutar na guerra da Ucrânia

Rafael Ferraz de Toledo, 35 anos, de Piracicaba, viajou para a Ucrânia para combater as forças russas como voluntário da Legião Internacional de Defesa Territorial. Ele afirma que sua decisão foi motivada por princípios pessoais. “Minha maior motivação está relacionada a uma ideologia de liberdade, indo contra qualquer tipo de invasão que hoje assola as vidas ucranianas”, declarou antes da partida.

Motivado por uma ideologia voltada à liberdade e contra a invasão que atinge o povo ucraniano, Rafael afirma que sua decisão é pessoal, mas firme. “Corre no meu sangue. Temos que lutar contra essa invasão que está acontecendo lá”, declarou.

Com passagem pela segurança privada e experiência como atirador esportivo, Rafael reconhece os riscos da missão, mas diz estar preparado. Sua família não aprovou a decisão, mas ele espera retornar em segurança.

O processo de alistamento, segundo Rafael, foi direto. “Entrei pelo Instagram e vi uma página chamada LegionUcraine. Por lá, entrei em um grupo de WhatsApp, onde eles dão todo o suporte para nos integrar às forças armadas da melhor forma e gratuitamente.” Atualmente, Rafael também atua como um dos administradores do grupo, ajudando novos voluntários interessados em integrar as tropas.

Antes de embarcar, ele passou por um curso preparatório privado no Brasil. A formação, voltada para o combate na linha de frente, serviu como base para o treinamento oficial que receberá já em solo ucraniano. “Na chegada à Ucrânia, participarei de um treinamento que levará em média 45 dias, com extensão de mais 15 dias na brigada onde irei atuar nos conflitos”, explicou.

Rafael já tem a função definida: atuará na categoria Assault (assalto), diretamente no front. “Sim, atuarei no front na categoria Assault”, confirmou. O contrato inicial de serviço será de seis meses, com possibilidade de prorrogação por até três anos, conforme as regras estabelecidas pelo exército ucraniano. “Podemos quebrar o contrato após seis meses, mas minha expectativa é de permanecer muito tempo lá na Ucrânia”, afirmou.

Sobre a comunicação no campo de batalha, Rafael relatou que combatentes estrangeiros que falam apenas português costumam ser agrupados entre si. “Geralmente os brasileiros ficam com outros estrangeiros por causa da língua portuguesa. Exceto quando o combatente fala inglês, aí ele vai para um batalhão específico.”

Rafael também já mantém contato direto com outros brasileiros que estão ou estiveram na guerra. Segundo ele, há um número crescente de brasileiros participando dos combates. Em relação ao suporte oferecido, afirma que todos os voluntários têm garantias de atendimento médico-hospitalar e seguro de vida em caso de morte em combate.

Ciente dos riscos envolvidos, especialmente diante do uso intensivo de drones, armas de precisão e novas forças estrangeiras no conflito, Rafael reconhece a gravidade da situação. “Não é fácil, é um alto risco para aqueles que estão indo”, avaliou.

Sobre a situação atual da guerra, Rafael é direto. “As negociações são incertas e acredito que não será fechado nenhum acordo, principalmente por parte da Rússia. Os pedidos são mais para uma rendição do que uma negociação”, afirmou. Ele também minimizou o impacto da entrada de soldados norte-coreanos ao lado da Rússia. “Apesar de eles estarem lutando lá, não representa nada, até porque há relatos de que muitos estão sendo mandados para a linha de frente sem treinamento suficiente.”

Questionado sobre o futuro, ele disse que pretende retornar ao Brasil apenas para visitar. “Tenho intenção de voltar para o Brasil, mas não para morar. Estudo morar na Ucrânia”, concluiu.

 

Brasileiros na guerra

De acordo com o Itamaraty, até o momento foram notificadas mortes de nove brasileiros no conflito russo-ucraniano, além de 16 desaparecidos durante o combate.

Já a embaixada da Ucrânia no Brasil informou que o número exato de voluntários estrangeiros nas Forças Armadas da Ucrânia só pode ser divulgado pelo Estado-Maior General das Forças Armadas da Ucrânia. Quanto aos soldados brasileiros desaparecidos, de acordo com a embaixada eles podem estar mortos – mas o corpo não foi encontrado ou está em território ocupado pela Rússia e os russos não querem devolvê-lo – ou estar em cativeiro russo.

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